sábado, 21 de fevereiro de 2009

Transferência de culpa

“Por que algumas pessoas insistem em colocar a culpa dos problemas que acontecem em suas vidas nos outros, em vez de assumir a responsabilidade?”
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No começo do século 17, os habitantes da região italiana da Toscana já estavam se acostumando com as esquisitices de um sujeito chamado Galileu Galilei. Ele era bamba em matemática e física e andava obcecado por entender os mistérios do Universo. Uma passagem curiosa a seu respeito é aquela em que ele subia a torre inclinada de sua cidade natal, Pisa, e ficava jogando coisas de tamanhos e formas diferentes, tentando entender por que e como caíam. Diz a lenda que, após uma dessas experiências, Galileu observava pensativo os restos de um ovo estatelado na calçada da praça dos Milagres quando foi interpelado por uma velhinha que lhe perguntou o que estava fazendo. “Estou tentando entender por que este ovo caiu da torre”, disse ele. “Eu sei por que ele caiu”, emendou a mulher. “Porque você o soltou.”
Essa história engraçada coloca juntas as duas causas que costumam desencadear os fatos da natureza e também da vida humana: a causa que determina e a causa que predispõe. O que determinou a queda do ovo foi a ação da gravidade; o que permitiu que isso acontecesse foi o fato de Galileu ter aberto a mão e soltado o ovo. Da mesma maneira, sempre há uma causa externa e uma causa interna para os fenômenos que acompanham a vida humana. O correto é dar crédito merecido a ambos os fatores, mas nós temos uma imensa tendência a valorizar um e minimizar o outro, de acordo com nossas conveniências. Nossas conquistas costumamos atribuir às nossas virtudes; já nossos fracassos não têm nada a ver com nossos defeitos, e sim com fatos alheios a nós, verdadeiras traições do destino.
Na semana em que escrevi este artigo, pude observar pelo menos três fatos que ilustram bem essa tendência de autopreservação: um querido amigo chegou com uma hora de atraso a um compromisso que tinha comigo e, após cumprimentar-me, passou a culpar o trânsito por seu atraso, e não sua já conhecida e folclórica despreocupação com os horários e com o tempo dos demais. Outro, investidor da Bolsa da Valores, perdeu dinheiro com a dança dos números e imediatamente atribuiu o prejuizo à “mão invisível do mercado” e não a sua análise incorreta das tendências. Nesses acontecimentos, eu fui o espectador, mas há pelo menos um em que fui o grande protagonista. Estou entregando este artigo com atraso e, quando a equipe de VIDA SIMPLES me ligou, suavemente, cobrando, eu comecei logo a dizer que ainda não tinha entregue porque estava viajando, os aviões andam atrasados, o excesso de trabalho estava me matando etc. etc. É o mesmo que dizer: “A culpa não é minha. A culpa é de minha vida, e eu não tenho controle sobre ela”. Pode?

Você é meu inferno
Cada pessoa tem seus próprios planos na vida. Para realizá-los, vai executando ações que modificam o mundo a seu favor. Até aí, tudo bem. O problema é que todos fazemos isso e, claro, sempre haverá a possibilidade de que aquilo que alguém faça para atingir seus objetivos entre em conflito com o projeto de outra pessoa. É por isso que o filósofo Sartre dizia que “o inferno são os outros”. Mesmo levando em consideração o mau humor do existencialista francês, temos que aceitar que ele tinha lá alguma razão, mas também não podemos deixar de atribuir a esse pensamento uma carga de transferência de responsabilidade. Às vezes as pessoas criam seus infernos particulares e atribuem a autoria a outrem.
Todos já vivemos situações em que foram as atitudes de alguém ¬ o namorado, o chefe ou o presidente da República ¬ que acenderam o fogo da panela de pressão de nossa paciência. Ok, concordo! Mas muitas vezes fomos nós mesmos que riscamos o fósforo, e os outros apenas entraram com a palha seca. Ou vice-versa.
Ninguém está livre de ter esse comportamento transferidor de responsabilidade. O problema é que ele pode se transformar em um padrão. Quem jamais, ou quase nunca, admite ter construído seus insucessos, carrega consigo os sentimentos de frustração, de impotência e de injustiça. Frustração porque vê seus planos falharem. Impotência porque, como não se atribui a culpa, sente-se incapaz de agir sobre seu próprio destino. Injustiça porque não se considera merecedor do infortúnio, uma vez que, em sua opinião, não é ele o autor do mesmo.
A psicologia, que está sempre buscando explicar o comportamento humano, cunhou a expressão “projeção” para explicar essa tendência de transferir responsabilidades que todos temos, em graus variados. E colocou a projeção em um grupo de comportamentos chamados “mecanismos de defesa”. A parte da estrutura psicológica chamada ego muitas vezes recusa-se a reconhecer impulsos de seu vizinho, o id. Essa é a parte da mente humana mais primitiva, regida pelo impulso do prazer, e que busca a satisfação imediata das necessidades e o apaziguamento das tensões. Obedecendo a esses impulsos primitivos, muitas vezes fazemos coisas, ou deixamos de fazer, que nossa própria moral reprovaria. É quando entra o ego, que é regido pelo princípio da realidade.
Quando adultos, não podemos mais simplesmente cair no choro e sapatear quando somos contrariados ou repreendidos. As crianças fazem isso porque são comandadas pelo id. Nos adultos, o ego assume o comando e a responsabilidade. Entretanto, às vezes o golpe é muito forte para um ego ainda não totalmente estruturado. Nesse caso, ele projeta a culpa para fora de si, isentando-se e, claro, incriminando alguém. Freud explicou!

Inocente ou impotente?
Dizem que essa tendência de transferir responsabilidades é maior entre nós, latinos. O economista argentino Fredy Kofman, que é professor nos Estados Unidos, observou isso, e comenta que se interessou pelo assunto quando seu filho de 5 anos um dia dirigiu-se a ele dando origem a um diálogo bizarro, mas pra lá de esclarecedor:
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— Pai, sabe aquele carrinho que você me deu ontem?
— Sim, o que tem ele?
— Pois é, pai. Ele quebrou.
— Como assim? Ele se quebrou sozinho? Então ele cometeu suicídio?
— Foi, pai. Bem diante de meus olhos. Foi horrível!
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Pense em quantas vezes você mesmo, como o pequeno protagonista da história, transferiu a responsabilidade até para objetos inanimados. Eu, pessoalmente, tenho vários episódios, confesso. Quando estudei nos Estados Unidos, ainda muito jovem, consegui comprar um carro, um pequeno e econômico Ford Pinto. Certa vez, em uma das muitas freeways californianas, o valente carrinho de repente começou a tossir, sacudir-se todo, até que acabou parando. Motivo? Falta de gasolina. Maldição!, disse eu, sem saber exatamente a quem estava dirigindo o impropério.
Em menos de dois minutos um carro da polícia encostava ao meu lado, e quando o policial perguntou o motivo de estar parado em lugar proibido, eu disse algo como: “Eu não tive culpa. A gasolina acabou”. “Então de quem é a culpa?”, respondeu o agente da lei por trás de seus óculos escuros. Ele fez três coisas. A primeira deu-me alívio, a segunda vergonha e a terceira, prejuízo: levou-me até um posto de serviços para que eu providenciasse o combustível, passou-me uma descompostura por meu ato imprevidente de entrar numa freeway sem verificar o combustível e aplicou-me uma imensa multa.
Durante muito tempo eu me envergonhei do acontecido. Hoje o encaro como um imenso aprendizado. Naquele momento eu me achava inocente. Na verdade eu estava impotente. Aliás, esse é o preço da inocência ¬ a impotência. Se você deseja ter sua vida sob controle, o preço é outro ¬ a responsabilidade.
Transferir a responsabilidade aos outros traz um falso conforto momentâneo. Uma análise mais cuidadosa de qualquer acontecimento negativo em nossa vida sempre vai salientar nossa participação ativa no episódio. Muito mais do que gostaríamos de admitir. Seu namorado a deixou porque ele é um crápula ou porque você não investiu na relação nem em você mesma? O emprego não aparece porque o mercado de trabalho está ruim ou porque seu currículo não ajuda? Você não passou no vestibular porque a concorrência era muito grande ou porque você não estudou o suficiente?
É claro que sempre há, lembre-se, os fatores determinantes e os predisponentes a qualquer acontecimento. Pode ser que um fator determinante esteja fora de você, mas que você ajudou com um ou mais fatores predisponentes, isso lá você ajudou. Confesse! É verdade que o mercado está ruim, mas também é verdade que seu currículo não está ajudando. É real que o vestibular é difícil e concorrido, mas é ainda mais real que você não se preparou o suficiente. Todos sabem que os rapazes são inconstantes, mas todos sabem também que ele não foi estimulado a permanecer na relação com você, pela maneira como você se cuida e pela maneira como você o tratava. Só que ninguém diz nada.

Confessando as culpas
Em Québec, no Canadá, o jovem Otto cometeu um assassinato. Escondeu de todos, mas confessou o crime ao padre Michael Logan. Este guarda o segredo. Só que o inspetor Larrue, no decorrer das investigações, encontra indícios que incriminam o próprio padre, que é preso e encaminhado a julgamento.
Esse é o enredo de I Confess, um dos filmes menos conhecidos de Alfred Hitchcock. Bem ao gosto do velho cineasta, o filme mistura suspense com drama psicológico. Durante uma entrevista, em 1954, Hitchcock dizia que não havia gostado do resultado do filme, quando então foi interrompido pelo crítico André Bazin, que lhe disse ter percebido no filme essa forte característica humana de transferir a culpa para evitar a dor. O cineasta então se desconcertou e se surpreendeu com essa marca psicológica que ele mesmo não havia percebido em sua obra, a ponto de passar a usá-la outras vezes, como nos filmes Cortina Rasgada e Janela Indiscreta, outras de suas produções geniais.
No fim do filme, Otto confessa seu crime. É o que acontece com todos nós que, mais cedo ou mais tarde, acabamos confessando nossas culpas, culpinhas ou culponas. E não as confessamos, necessariamente, para os outros, e sim para nós mesmos, que é o que mais interessa ao nosso crescimento pessoal.

Por Eugenio Mussak
Fonte:
Vida Simples
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Ps: Meu pai vive fazendo as coisas e colocando a culpa nos outros. É incrivel! Ele quebra um copo e a culpa foi da pessoa que colocou na ponta. Se trai minha mãe, a culpa é dela que não está sendo uma boa companheira. É cada uma!
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Para quem curte ficar em casa como eu e para quem curte o festão, um bom carnaval!
Façam SEXO, mas com CAMISINHA. BEBAM, mas não DIRIJAM. BRINQUEM, mas não BRIGUEM.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Franqueza e bla blas...

"A franqueza não consiste em dizer tudo o que se pensa, mas em pensar tudo o que se diz." (Victor Hugo)

Falo bastante, sou bem animada, amo conversar. Claro que não sou daquelas que não deixo ninguém falar, dou a vez. Mas teve uma época que eu passava o dia sozinha e quando encontrava pessoas só queria gastar as palavras. O mal é que voltei a ficar mais vezes sozinha, mas como estou morando em uma cidade nova, ainda em adaptação, conhecendo pessoas, fico pesada pra conversar e acabo não falando muito.
Meus pais são falantes, na Bahia a maioria das pessoas falam muito e são meio nervosos pra conversar e eu não fico atrás, sou assim também. O bom é que são assuntos aproveitáveis e não gosto de falar da vida alheia. Mas claro que incomodo muita gente, por falar muito hehe
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Por obsequio, sou muito franca! O pior é que quanto mais intimidade eu tenho com a pessoa, mais franca eu sou. Por ser franca, acabo magoando as pessoas que mais gosto. Sinceridade, franqueza e verdade caminham juntas. Claro que tudo deve ser com cautela, mas às vezes acabo exagerando. Já postei certa vez sobre mentira e dessa vez gostaria de dizer que mentira, falsidade e desonestidade caminham juntas. Mas é preciso ser humilde quando se é franco. Costumo dizer que o orgulho é o avesso da humildade. Sou defensora da humildade e acima de tudo é preciso ser humilde. Humilde pra amar, chorar, sorrir, conversar, ver... Tento conciliar a fala, a franqueza com minha humildade.
E quando chora? Sou mais franca ainda. Dizem que a lágrima é sinônimo de fraqueza, não acho! Acho que chorar é sinônimo de fortaleza. Não somos fracos quando choramos e sim francos com nós mesmos. Quando nos desmanchamos em lágrimas, é um desabafo, e a maioria das pessoas se sentem muito bem e ainda mais fortes.Estou falando sobre conversas, franqueza, bla blas, porque não tenho agüentado as coisas que tenho visto e escutado. Não estou colocando a boca no trombone, mas tenho deixado claro as coisas que não gosto.

Sou tão difícil de convivência rssss. Tem dia que acordo ótima, tem dias que acordo pra matar. Sou sistemática, não gosto de pessoas me visitando todos os dias, não gosto que terceiros opinem sobre minha vida a não ser que eu  as perguntem... Aqui no blog por exemplo, a porta  esta  aberta para todos vocês leitores.
Tenho ficado bastante irritada por estar morando perto dos meus sogros. Tem pessoas que vão na nossa casa,  mais pra observar tudo, falam o que veem, colocam olho grande, opinam demais, e fora que gosto de ter meu canto, gosto de ficar afastada, gosto de ficar na intimidade no meu lar. Não é porque meu esposo está morando na mesma cidade que os pais, que eles devem vim aqui todos os dias ou necessariamente uma vez na semana. Meus vizinhos por exemplo; reclamam porque vivo de porta fechada. Qual é meu? As casas já são todas coladas, escutam tudo, ainda querem  ver  e opinar? Santa paciência! Ah, ta  nem falei, moramos em uma vila militar, todos sabem da vida de todos e eles sempre procuram tudo, adivinham o que estamos fazendo em casa, essas coisas, mas são todos gente booa! Já deixei claro como gosto de viver e eles "parecem" entender.
Mas voltando a falar sobre meus sogros: minha sogra, tudo ela dramatiza, tudo ela quer precisar do filho, e é porque tem mais 2 filhos. E ficam dramatizando dizendo que meu esposo não dá mais atenção a eles, vixe é só o começo. O pior mesmo é não querer que o filho passe em um concurso melhor, só porque não quer  que o filho vá pra outra cidade. Meu esposo sendo formado em direito, tem pós graduação, OAB e continua bombeiro sem ao menos poder assinar como advogado por ser militar. Pais, tem que torcer para os filhos serem felizes, não importa aonde.
Assim não dá pow, larguei toda minha vida, emprego, meus amigos, minha família, meu lar, pra casar, pra ficar com o homem que amo... Daí essa concorrência toda, esse ciúme todo, tanta besteira. Só brasileiro tem essa mania de “família”, ah família. E no fundo nem valorizam porra de nada, pois família é a primeira a afundar a gente.
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Quando Deus falou com Abraão, para que ele levasse sua família para outro lugar, pois acabaria com a terra que ele estava. Deus deixou claro para ele, que a família que ele falava era Saara e não a parentada. E assim foi feito!
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Filhos não são nossos, temos que educar, amar, mas sabendo que eles não são propriedades nossa. Filhos são do mundo! Deus deixou a gente aqui pra acasalarmos e procriarmos.
Se não deu amor, educação antes, não adianta depois do filho adulto, formado, casado, querer voltar no tempo. Minha família está há mais de 2 mil km e meio longe de mim, fica tudo difícil e está grávida longe das pessoas que você ama, é um horror. A família do meu marido quer participar todos os problemas, como se nós fossemos culpados, ainda pedem para tentarmos resolve-los. Se fosse só isso, e o que procuram saber da nossa vida, afff, santa paciência! Estou pra chutar o pau da barraca, usar minha franqueza sem humildade nenhuma.
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É, caros amigos, ainda bem que tenho esse espaço para desabafar e ler os comentários de vocês, graças a Deus isso ajuda bastante. Vocês são meus amigos virtuais aos quais valorizo e muito.